quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Se o amor for outra coisa

"(...) Eu choro sozinha, eu sou corajosa. Foi logo no primeiro beijo que me entreguei e me perdi.
(...) O mundo e eu, nós dois, e o meu amor que os ligava. Agora pode parecer estranho, mas então nada era estranho. Eu era uma alegre criança cheia de vontade de viver. Não era preciso ter cuidado.
(...)Agarro com força a pequena almofada que tenho entre os braços e penso em ti. Não sei nada. Vens a mim ao de leve e depois largas-me. Para te ver a cara, tenho que te surpreender em movimento, fechando uma janela, calçando um sapato, saindo do carro. Tu não eras quem eu esperava que fosses. Estamos sempre a imaginar isto e aquilo e sempre a confundir isso com o que está para vir e vem de outra maneira. Eu pelo menos. Eu tenho uma enorme vontade de te dizer tudo numa só palavra e depois ficar calada, não dizer mais nada. Eu quero que sejas só tu a saber. Eu tenho a infinita certeza de que me estás a ouvir, não sei como. Há aqui qualquer coisa de mágico, uma invocação por palavras que nos leva para um lugar sossegado.
E de repente tudo se desfaz. (...)Digo-te isto porque sei que não me podes ouvir.
(...) Contigo foi ainda pior. Porque tudo parecia ser como não era."


Pedro Paixão in Amor Portátil

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